sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Deveria ter vindo ao mundo sendo flor.
Florescer na primavera, me apaixonar por beija-flores, sentir a terra nos pés, morrer antes de empalidecer.
Ou então gostaria de ter nascido nuvem.
Vagar pelo céu azul, derramar gotinhas na terra quente, parecendo um algodãozinho úmido expremido por dedos delicados.
E se eu tivesse nascido estrela?
Teria bilhares de anos brilhando, teria todos aos meus pés, seria a mais bela do céu.
Ainda se tivesse sido lua.
Seria refrão de canções, seria encanto nas lendas contadas de pai para filho durante muitas gerações.
Ah, mas queria eu ter sido Maria.
As Marias são bem mais decididas, são mulheres de força e grande capacidade intelectual.
Ou ainda melhor, ter sido Ana.
As Anas são doces e são azedas, são criaturas encantadoras e são tão suas, donas de si.
Mas não nasci nada disso, nasci assim, sendo eu.
Sou Thais e nem faço força. Vejo o mundo com muita miopia e astigmatismo, invento quando não sei e quando tenho preguiça ouço como um surdo ouve. Sou baixa e gorda, mas sou feliz. E as vezes tenho vontade de ir embora e ligar um foda-se bem grande.

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