quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ainda não

Sem nome
Rumo
Telefone
Argumento
Tu somes, engole o mundo
Consome tudo, zomba
Pinta na cara que é só
Muro, mar, nude, copo
Abraça os nós
Todos nós
Nos dedos
E continua só
Só esqueleto
Amargo e desespero
Bem feito
Aqui, espero,
Morre agora todo o meu desejo.

(mentira)
O cio, ócio

Meus castanhos nos teus negros
Teus dedos no meu beijo
Meus cilios nos teus arquejos
Teus calos no meu tecido
Tuas papilas gustativas nos meus mamilos
Minha voz rouca no teu cheiro do corpo

Entrelaçados num só
Variadas intenções no nó.
Calafrios queimando em brasa
Movimentos lânguidos, cheios de graça
Meio asco, o gozo
Dente-saliva-quente-lingua-afiada
A carne nua, crua, tua, santa, oca

Morre tudo num suspiro sonoro
No escuro. Madrugando
Ainda sentindo gosto
Do ato ocioso
Libidinoso.
Breve

Começamos num momento nada simples, breve
Avançamos então para o seguinte, never.
E um dia o tempo muda, chove, faz sol.
As coisas são e deixam de ser.
Pra uns em vão, pra outros, nascer.
Pra um, amor; pro outro, prazer.

E então, componho versos?
Pra exaltar, enaltecer?
Prometo esquecer tudo nas páginas seguintes.
Guardo comigo apenas
o nosso momento,
nada simples.
O nosso momento de prazer.