quarta-feira, 26 de junho de 2013

Os Sóis

Quantos mais?
Dois pois. Mais.
Amai.
Sois teus sóis
Amai-vos enquanto podes.
Sois pois os que vos aquecem
Que vos ativam as enzimas e as vitaminas.
Sois os sóis que brilham no país.
Que aquecem e ativam.
Enzimas vitaminadas em cada ser novo que abriga o calor.
Mudem-se, pois chegamos, chegamos e queremos que mudem.
Mudem, pois vós sois os sóis que aquecem.
Que a panela que estoura milhos seja aquecida também.
Se o calor do pensamento da língua é pouco, que o fogo e o ferro não padeçam.
Sois pois os sóis dessa penosa nação.
Que hoje se levanta cheia de soluções, que avante segue adiante
Desbravam as matas embrenhadas das mentiras, das calúnias, das corrupções.
Sol que vos alimenta, nos dê vitamina C, vontade e pulso.
Dê não para nós, mas para eles, digo, que vão, que são, que não se calam, que não se intimidam.
Eu, pois, que vos falo, tenho um sol na barriga, prestes a explodir.
Ao meu redor tenho bombeiros credenciados para apagá-lo e o que mais sobrar de mim.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Palavreando o Mundo / Sweeping Words

Para aqueles que participaram do Atentado Cultural em agosto de 2011, este projeto vai servir como uma luva!
Escreva um poema, doe um livro, cante no trânsito, espalhe arte, distribua palavras interessantes, mande sua ideia e vamos fazer deste mundo um lugar mais humano, mais gentil, mais inteligente.

Vamos agir:
08/06/13
Vamos repetir o Atendado Cultural de 2011! Escolha um livro que você já leu e passe adiante. "Esqueça" em algum lugar público com um bilhetinho explicando que quem achar o livro está recebendo um presente do projeto Palavreando o Mundo! E vamos divulgar, minha gente.

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For those who participated of the Cultural Attack in August of 2011, this project will be perfect!
Write a poem, donate a book, sing a song in traffic, spread art, distribute interesting words, send your idea and we will make this world more human, more gentle, more intelligent.

Let's do it:
6/8/13
Let's repeat the Atendado Cultural of 2011! Choose a book that you've read and pass. "Forget" in some public place with a note explaining that those who find the book is receiving a gift from the project Sweeping Words! Let's disclose, folks.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Partindo do princípio que te permeia
O futuro já não existe
Movendo à base do que te rodeia
Tem vida que se transforma, outra que se alheia
Ouvindo o clichê, do pente que te penteia
Escorrendo veneno do sorriso que te aperreia
Sabe não?
Ser feliz demais, quem tem fogo ateia
Nós nos dedos daqueles sem valor, daqueles sem beleza
Aí sobe uma vontade varonil de mandar pra longe
Todo esboço da carcaça desse povo sem alma
Que nem gente, nem bicho – coisa mesmo, inanimada.
Eu, por mim, aquela coisa: prefiro falar, prefiro viver
Prefiro correr o risco
Pra ficar calada tem gente inanimada demais no mundo.

Thais Vasconcelos, no caso eu, eu como pessoa, como ser, nada boba, como gente mesmo.


sexta-feira, 26 de abril de 2013

Inveja


Escorre da boca
Contamina o corpo
Exala o odor que entorpece o outro
Amacia palavras que espetam no âmago
Amarram os braços delicados das moças
Prendem na garganta palavras vorazes 
Não serão proferidas, bem como as pazes.
Provoca angústias, revoltas, despertam monstros
Pecados eminentes que, outrora adormecidos, agora despertos
Espertos, com vontade e sede de vingança.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Série Poemas Imaginados e Combinados

Imaginário saboroso
Quem te diz inexistente
Não sabe o gosto quente
Do meu beijo na tua pele
Na pele que não se toca
Sem a menor suspeita
Todos riem do meu amor
Porque sou só ou por ser carente
Beijo um senhor bem apessoado
Só que imaginariamente.




Kissing Magritte - Joe Webb




Série Diálogos Pelo Caminho

Diálogos no amor.

- Você não serve mais. É como um vestido que eu gostasse muito, mas que não me servisse mais.
- Então eu sou um vestido que não te serve mais?
- Basicamente.
- Você sempre diz algum absurdo. Eu até que gosto.
- Eu não sei do que você está falando. Não disse absurdo nenhum. É que a gente não tá mais se encaixando mesmo.
- Você acha? Será porque eu to trepando com a secretária do Rodrigo? Ouvi dizer que quando o cara tem uma amante a relação muda mesmo.
- Até parece. Uma gostosona daquelas dando pra você?
- É. Ué.
- Acho que você é esquizofrênico.

Diálogos de flerte.

- Então você tem negócio próprio...?
- Tenho.
- Qual o lucro mensal? Ah, desculpa a indiscrição.
- Hum, eu não sei direito. Minha irmã que cuida disso.
- Filhos?
- 2.
- Namorado?
- Haha, você é da polícia é?
- Na verdade sou, mas não tem na a ver com isso... cê é linda sabia?
- Obrigada. Você é charmoso. Quer tomar um chopp?
- Vamos.
- Aí você me protege do perigo. Haha.

Diálogos pela salvação

- Você ainda gosta dele?
- Não. Já te disse que não. Aquilo passou.
- Mas e se você ainda gostasse dele?
- Aí eu não estaria mais contigo.
- Você me ama?
- Amo. Amo muito.
- Que bom. Assim você pode sofrer como eu sofri, quando descobri que você estava me traindo. Tô gostando de outra pessoa.
- O quê?
- Tá doendo? Diz que tá. Por favor.

Diálogos da paixão

- Te dou dois desejos.
- Dois? Quero mil.
- Te dou só dois (beija)
- (beijando) Você é demais. Quero ficar contigo até ficar velho.
- Haha, quando você estiver velho eu já vou ter morrido a muito tempo, baby.
- Nada disso, você vai ser uma velhinha mucho loca.
- Não vai dar tempo. A gente não vai ter filhos.
- A gente adota um curuminzinho. E fica tudo bem.
- Pedro, só tenho mais um ano no máximo. Vou sentir tua falta.
- E eu a tua, cunhantã.

Diálogos de fim

-Oi, tudo bom?
- Opa, como é que vai?
-Tudo ótimo.
- Tranquilo.
...
(silêncio constrangedor)
- É isso então.
- É.
- Bacana te ver. Vamo marcar qualquer coisa. Eu te ligo.
- Tá bom liga mesmo.
- Ligo. Tu ainda tá com o Tim?
- Nunca tive Tim.
- Ah.
- Beleza então. Tchau, tchau.
- Falou. Beijão, querida.
...
-(ele à parte) puts, como era o nome dela?
-(ela à parte) ele esqueceu meu nome, eu esqueci da onde eu conheço ele.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Morte ao entardecer


Encontro com ela.
Num último instante.
Faltando suspiros, batidas marcantes
Ouve-se o mar nas pedras distantes
Para todos os efeitos, aguardo.

Ela chega no alto da torre
Onde minha alcova me espera
Onde preparo o adeus
Com  olhos cobertos
As mãos me protegem de vê-la.

Ao pôr-do-sol, à espreita
Ela controla meu ser
Leva-me embora
Janela a fora
Voamos juntos num delírio,
num sonho, num desespero,
num prazer.

É o destino, é a morte
São irmãos de nascer
De morrer são cúmplices
Agora esvazia
O último gole, último vislumbre de vida
Sob as janelas dos olhos a luz se apaga
A alma congela
A vida se esvai.
E agora?
Paralela em outro mundo.


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Na sala de espera

Três pessoas.
A primeira é mulher.
A segunda é homem.
A terceira é homem.
A primeira está sentada no lado oposto da sala.
O primeiro homem está sentado ao lado do segundo homem.
O segundo homem e a mulher se entreolham em pequenos intervalos.
O primeiro homem lê o jornal.
A mulher cruza e descruza as pernas.
O segundo homem afrouxa a gravata em seu pescoço.
O primeiro homem abaixa o jornal, endireita o óculos.

Sucessão de fatos.

O primeiro homem olha para o segundo homem ao seu lado, em seguida olha para a mulher. Olha boquiaberto para o segundo homem. Se levanta. Quando a recepcionista o chama. Osvaldo Siqueira. O primeiro homem segue em direção à sala. O segundo homem se levanta, segurando o braço do primeiro homem (Osvaldo Siqueira) e diz: Vou entrar com você, tá?






terça-feira, 12 de março de 2013


Contos de Pecadinhos - Pela vida, pelos três

Eram dois, depois se tornaram três. Já havia mais de 6 meses que mal se olhavam nos olhos, para não dizer 6 meses sem um toque, sem um beijo, sem palavras inteiras. O bebê era uma mistura dos dois, os olhos dela e as expressões faciais dele. O amor que já não existia era um integrante da família e era quem tomava conta do primeiro filho. Ela cumpria suas funções de mãe, pela obrigação e pelo amor que tinha pelo seu fruto, mas já não fazia questão da presença daquele ser, que outrora fora sua metade e hoje se parecia mais com um estranho invasor do seu mundo de mãe e filho. 
Ele sentia-se só, não se aproximava mais dela porque desde que dera a luz parecia um tanto arredia e inconstante. Não dormiam mais no mesmo quarto, ela não lhe desejava se quer boa noite, com muita sorte pedia para ele desligar as luzes quando fosse dormir. Ele passou a chegar tarde do trabalho, para não ter que sentir-se um intruso em sua própria casa - que já não era um lar. 
Ela tinha medo de perdê-lo, mas não sabia o porquê. Não o amava mais, certo? Ela não sabia. Esperava que aspereza dos seus atos chamasse a atenção dele, que ele tentasse reconquistá-la de alguma forma, que pedisse desculpas pelo tempo que ele passava ausente, que fosse romântico e dissesse que a amava. Mas ele não o fez. 
Ele, por sua vez, sentia mais medo ainda, achava que ela não o amava mais por ele não ser bonito, não ter todo o dinheiro do mundo e por ter dado possivelmente a coisa que ela mais queria no mundo: um filho, Ensaiou diversas vezes um discurso para dizer que a amava e que se ela não o correspondia mais que o deixasse e pedisse para ele ir embora. Mas a coragem nunca o deixou tomar atitudes.
Ela espera que ele se aproxime para vê-la de perto. Ele espera que ela o queira por amor, por ele amá-la também.
No fundo os dois ainda se amam.


segunda-feira, 11 de março de 2013

O ressurgir das Secretas

Não é que de repente eu saiba o que estou fazendo.
Mas quando me ponho a pensar, me pego vendo.
Elas voam de encontro a mim, as aspas, os fins.
As palavras mortas, já enterradas no meu eu, em mim.
Matutas, astutas, molecas, de merda e afins.
Poucas se mostram inteiras, outras à beira.
Ostentam o brilho do ouro e eu só lhes dou da cera.
De luz fraca e suspiros espaçados, me volto ao meu interior inexplicável e indiscutível.
O irremediável prazer de verborragizar.

Poesia não leva ninguém a lugar nenhum, mas nos leva a lugares onde pessoas jamais vão.